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Capitães da Areia, romance modernista de Jorge Amado

Capitães da Areia é um livro escrito por Jorge Amado, escritor baiano que viveu entre 1912 e 2001. O título em questão foi lançado em 1937 e traz críticas sociais que refletem o engajamento político do autor, que chegou a ser eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1945. Alguns críticos inclusive o acusam do que chamam de populismo literário, por apresentar uma arte pretensamente revolucionária enquanto trata de forma rasa o universo psicológico dos personagens.

A obra pertence à segunda fase do Modernismo no Brasil, que teve lugar entre 1930 e 1945. Apresenta um grupo de meninos de rua que se unem para sobreviver às dificuldades impostas por sua condição. Em seu prefácio, traz uma reportagem fictícia seguida por cinco cartas de leitores, escritas pelo Secretário do Chefe de Polícia, pelo Juiz de Menores, por uma mãe costureira, pelo padre José Pedro e pelo diretor do reformatório para onde vão os meninos que são pegos cometendo infrações.

Em seguida, desenrola-se a trama propriamente dita, na qual Pedro Bala, um garoto de 15 anos, lidera um grupo de mais de cinquenta crianças que se abrigam em um trapiche abandonado em Salvador. Entre os personagens comandados por Pedro, encontram-se Dora, Pirulito, Professor, Volta Seca, Gato, João Grande, Zé Fuinha, Barandão, Sem Pernas e Boa Vida. Outras figuras importantes para a história são o padre José Pedro (autor da carta mencionada anteriormente), a mãe de santo Don’Aninha e o capoeirista Querido-de-Deus.

Desenho de Jorge Amado

Os personagens de Capitães da Areia

O livro não tem um protagonista específico, já que não há alguém que possa ser considerado mais importante para o enredo. Os personagens da obra apresentam traços deterministas, característicos da literatura dos anos 30, sendo guiados mais pelos instintos que pela razão.

Há um machismo evidente e passagens que relatam violências contra as mulheres, além de outras que evidenciam a homofobia do grupo. Mesmo quando uma menina, Dora, passa a morar com eles, só consegue ser tratada como igual disfarçada de homem.

Pedro Bala e Professor

Pedro Bala, o líder do grupo, era filho de um grevista que morreu baleado no cais quando ele tinha 4 anos. Quando descobre isso, sente orgulho de seu pai e passa a tê-lo como fonte de inspiração e exemplo de liderança revolucionária.

Professor era uma espécie de intelectual do grupo, pois sabia ler e tinha talento para desenhar. Era quem ajudava Pedro no planejamento dos assaltos.

Gato e Sem-Pernas

Gato, conhecido por sua beleza, tirava proveito de seus atributos andando em meio a prostitutas e explorando-as. Além disso, jogava cartas trapaceando para ganhar dinheiro.

Sem-Pernas possuía uma deficiência física e uma experiência negativa relacionada a isso o deixou com marcas profundas que o fizeram odiar a tudo e todos, inclusive seus companheiros. Usava de sua deficiência para entrar nas casas das pessoas, gerando comoção, e depois passava informações ao grupo para planejarem os assaltos.

Boa-vida e Pirulito

Boa-vida era tranquilo, sem grandes ambições. Se contentava em fazer o mínimo para sobreviver e contribuir com o grupo. Mesmo em relação às mulheres, ficava com as que o Gato já não queria mais.

Pirulito era extremamente cruel, mas converteu-se graças ao Padre José Pedro. Praticava os furtos necessários à sobrevivência, mas sem deixar de rezar.

João Grande e Volta Seca

João Grande, como o nome sugere, tinha grande estatura e era corajoso, por isso respeitado pelos demais. Era uma espécie de protetor dos novatos, que muitas vezes sofriam nas mãos dos mais velhos do grupo. Volta Seca era fã de Lampião e sonhava fazer parte de seu bando.

Dora e Zé Fuinha

Dora e Zé Fuinha eram irmãos, tendo perdido os pais vitimados pela varíola. Ela foi a única mulher aceita no grupo, mas passou maus bocados no início. Com o tempo, ganhou o respeito e o carinho de todos.

Padre José Pedro, Don’Aninha e Querido-de-Deus

Alguns adultos aparecem na obra ajudando ou pedindo ajuda aos Capitães da Areia. Padre José Pedro era de origem humilde e pouco letrado, o que fez com que fosse discriminado por seus colegas do clero. No entanto, possuía uma religiosidade sincera e buscava levar conforto espiritual às crianças carentes.

Don’Aninha era mãe de santo e também sofria com a opressão policial. Contava com a ajuda dos meninos para recuperar itens do terreiro levado pela polícia durante as batidas. Por fim, Querido-de-Deus era um capoeirista que ensinava sua arte a alguns dos garotos e exercia grande influência sobre eles.

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