Quanto você paga pra investir em um fundo de investimento
Alguém já te ofereceu um fundo de investimento sem explicar que você precisa “pagar” para realizar essa operação? Antes de investir em qualquer ativo você precisa saber quais são os custos envolvidos. Por esse motivo, é importante sempre estar atento a tudo o que envolve o investimento em fundos para que você não pague caro por um produto que deveria ser simples e nem perca dinheiro com resgates precipitados.
Quando você delega algum trabalho a alguém, é natural que essa pessoa receba algo em troca, que irá variar de acordo com a escassez e a complexidade do serviço. Da mesma forma, quando você confia a outra pessoa a tarefa de cuidar do seu dinheiro, nada mais justo do que ela ser remunerada por isso. Por isso, há algumas taxas cobradas pelos gestores e custodiantes dos fundos de investimento que incidem sobre o total investido ou sobre os rendimentos, dependendo do caso.
Além disso, pode haver taxas que incidem em momentos específicos, como a aplicação ou o resgate de dinheiro no fundo. Veja a seguir algumas informações que irão te ajudar a entender um pouco melhor quais são os custos envolvidos e a tomar decisões mais embasadas na hora de escolher um fundo de investimento. Também é necessário considerar os impostos que você terá que recolher, mas isso será tema de outro artigo.
Custos envolvidos na aplicação em um fundo de investimento
Como dito anteriormente, há um preço a ser pago pela administração profissional do seu dinheiro. Os fundos de investimento podem ter uma série de taxas que irão afetar diretamente o retorno da sua aplicação. Conheça as principais:
Taxa de administração
É a taxa destinada a remunerar os responsáveis pela gestão do fundo e cobrir as despesas operacionais. Incide sobre todo o valor investido, independentemente se o fundo está tendo lucro ou prejuízo. É apresentada em percentual anual (ex.: 2% ao ano) e calculada de forma proporcional diariamente. A rentabilidade do fundo já é apresentada líquida da taxa de administração e o valor que você vê no extrato já sofreu esse desconto.
Por exemplo, se você possui R$ 10 mil investidos em um fundo que cobra taxa de administração de 1%, você irá pagar aproximadamente R$ 100 em um ano. Como o cálculo é diário, esse valor sofre variações de acordo com o retorno do fundo ao longo do tempo.
Taxa de performance
Além da taxa de administração, alguns fundos também possuem taxa de performance. Essa cobrança é devida apenas quando o fundo apresenta lucro, como uma forma de incentivar os gestores a buscarem bons resultados e premiar os que os alcançaram. Ela incide sobre o percentual de lucro apresentado pelo fundo que ultrapassar determinado referencial (benchmark). Alguns referenciais normalmente utilizados são o CDI para fundos multimercados e o Ibovespa para os fundos de ações.
Para ficar mais claro, vamos pensar em um exemplo. Você investiu R$ 10 mil em um fundo de ações que tem o Ibovespa como benchmark e uma taxa de performance de 20%. Em um ano, o Ibovespa apresentou uma valorização de 10%. Portanto, se você tivesse investido esses mesmos R$ 10 mil em um fundo que apenas replica o índice, você teria R$ 11 mil ao final desse período. No entanto, o fundo que você escolheu teve uma rentabilidade de 15%, superando o Ibovespa em 5%.
Dessa forma, ao final de um ano você teria R$ 11.500 de saldo no fundo (desconsiderando aqui outros descontos aplicáveis, como a taxa de administração). Sobre esses 5% extras (R$ 500), incidirá a taxa de performance, que no caso é de 20% (R$ 100). Portanto, seu saldo final nesse exemplo seria de R$ 11.400. Como se pode ver, apesar de ser um custo extra, pode valer a pena pagar a taxa de performance. No exemplo acima, a rentabilidade ainda seria 40% superior à apresentada pelo índice de referência.
O que acontece quando o retorno é negativo ou inferior ao benchmark
Caso o fundo tenha um rendimento inferior ao benchmark, ele só poderá cobrar essa taxa após recuperar a diferença nos períodos seguintes. Se no exemplo acima o fundo tivesse rendido 8% (saldo final = R$ 10.800) contra os 10% do Ibovespa, a taxa de performance só começaria a ser calculada novamente a partir do momento em que o fundo igualasse o benchmark. Então, se no período seguinte, o Ibovespa rendesse 5% (saldo final = R$ 11.550) e o fundo 6% (saldo final = R$ 11.448) não haveria cobrança de performance, mesmo o fundo tendo superado o benchmark em 1%. Isso acontece porque ele ainda não conseguiu se recuperar da diferença anterior. Esse conceito é conhecido como “linha d’água”.
Quando o retorno do fundo é negativo, mesmo que tenha ido melhor que o benchmark, a taxa de performance não é cobrada. Por exemplo, se o Ibovespa tivesse rendido -10%, o saldo final no exemplo acima seria R$ 9 mil para alguém que tenha aplicado em um fundo que replica o índice. Supondo que o fundo do exemplo acima tivesse um retorno negativo de 5%, o saldo final seria de R$ 9.500, um prejuízo menor que o de quem investiu. Ou seja, a performance do fundo foi melhor que a do benchmark. Ainda assim, não cabe o pagamento da taxa.
Já quando o benchmark apresenta retorno negativo e o fundo tem retorno positivo, a taxa é calculada apenas sobre a variação positiva do fundo. Por exemplo, o Ibovespa tem um retorno negativo de 5% e o fundo um retorno positivo de 4%. A performance do fundo superou a do Ibovespa em 9%, mas a taxa será calculada somente sobre os 4% de retorno com base no valor investido inicialmente no fundo.
Taxa de carregamento
A taxa de carregamento é uma taxa cobrada por alguns fundos de previdência privada quando acontece aplicação e/ou retirada dos recursos. Por exemplo, se você fizer uma aplicação de R$ 1.000 em um fundo com taxa de carregamento de 5% na entrada, o valor inicial investido será de R$ 950. Como se vê, é uma grande desvantagem, pois você já começa perdendo dinheiro. Apenas para igualar o valor investido inicialmente, o fundo teria que apresentar um retorno de 5,26%.
Isso é ainda mais grave quando se pensa que investimentos em previdência costumam ser para o longo prazo. Dessa forma, logo na partida você já está perdendo um dinheiro que poderia render juros compostos por muitos anos. Portanto, é preciso avaliar bem a qualidade e as vantagens antes de investir em um fundo que cobra taxa de carregamento.
Taxa de rebate
Essa na realidade é uma taxa indireta, pois já está incluída na taxa de administração. É uma comissão oferecida pela gestora do fundo aos distribuidores (corretoras, bancos, assessores etc.). No entanto, pode servir como incentivo para que os profissionais envolvidos ofereçam produtos ruins ou inadequados á realidade dos clientes. Afinal, se um fundo oferece 35% de rebate e outro apenas 15%, é mais provável que o primeiro seja mais apresentado que o segundo como sugestão de investimento, mesmo que seja pior.
Atualmente há muitos fundos que oferecem como incentivo ao cliente a devolução do valor que seria recebido como rebate. Essa devolução pode ser feita como reaplicação no próprio fundo ou como depósito na conta corrente do investidor. É uma forma de reduzir os custos dos fundos e melhorar os resultados obtidos.
Você já conhecia essas taxas? Sabia que era preciso “pagar” para investir em um fundo? Conta aqui nos comentários.