O que são os COEs
Um dos tipos de investimento mais polêmicos que existem atualmente são os COEs (Certificados de Operações Estruturadas). Muitos analistas e influenciadores financeiros os consideram simplesmente produtos ruins e aconselham os investidores a passarem longe desse tipo de investimento.
É verdade que a maioria das opções oferecidas no mercado hoje são ruins. São vantajosas apenas para a instituição que estrutura a operação e para os distribuidores que recebem comissões pelos clientes que conseguirem captar para o produto. Mas o tipo de investimento em si não é necessariamente algo ruim.
No entanto, é importante entender bem como eles funcionam e quais são as condições de cada um em particular. Também é necessário avaliar se vale a pena gastar tempo e esforço tentando entender a lógica de um COE enquanto existem outras opções de investimento mais simples e acessíveis à disposição.
Porque investir em um COE
Os COEs são instrumentos que possibilitam o acesso a estruturas de investimento que seriam difíceis para um investidor individual montar por conta própria. Eles apresentam características de renda fixa e de renda variável. São emitidos por instituições financeiras e são instrumentos de captação bancária, como o CDB. Ou seja, na prática você estará emprestando dinheiro ao banco para financiar essas operações.
O dinheiro arrecadado será aplicado em derivativos, que são opções de compra ou venda relacionadas à cotação de algum ativo. Essas opções tendem a render muito mais caso o cenário previsto para o ativo se concretize, mas por outro lado tendem a gerar grandes prejuízos caso aconteça o cenário oposto.
Um COE pode ser referenciado em ações, índices, juros, taxas de câmbio, títulos públicos e privados, commodities ou mesmo uma cesta, ou seja, uma mistura de vários desses ativos. Ao avaliar o investimento em um COE é muito importante ler atentamente o documento de informações essenciais (DIE)
para entender as características e os riscos associados.
COEs com capital protegido
É comum vermos COEs com capital protegido, ou seja, que garantem que não haverá perda nominal do valor investido, mesmo no caso de a estratégia adotada gerar prejuízo. Por isso, podem ser boas opções para quem tem receio de perder dinheiro investindo na renda variável. Mas é preciso tomar cuidado, pois há alguns riscos escondidos.
Em geral, os COEs com capital protegido têm também um limite de alta. Vamos supor que você investiu em um COE com capital protegido e trava de alta de 30% referenciado a uma determinada ação. Digamos que essa ação valia R$ 10 na data estipulada para início do COE. Isso significa que ao final do prazo do COE (geralmente entre 2 e 5 anos), poderão ocorrer três cenários, conforme mostrado a seguir.
Caso a ação desvalorize, você receberá de volta o mesmo valor que investiu, sem qualquer acréscimo ou perda nominal. Se a ação valorizar entre 1% e 30% você receberá o valor investido mais o percentual correspondente à valorização da ação. Caso a valorização seja superior a 30% você receberá apenas o valor investido com o acréscimo de 30%, mesmo que a ação tenha valorizado 100%.
Principais riscos de investir em COEs
Veja a seguir alguns dos principais riscos que devem ser avaliados antes de investir em um COE
Inflação
O primeiro risco, e o mais óbvio, é justamente você deixar o dinheiro parado por um longo tempo e receber exatamente o mesmo valor nominal investido. Nesse caso, apesar de, teoricamente, você não ter perdido dinheiro, na prática o seu poder de compra com aquele valor será menor. Digamos, por exemplo, que você investiu R$ 10 mil no COE do exemplo acima e a ação desvalorizou. Ao fim do período, foi apurada uma inflação de 20% e você recebeu exatamente os mesmos R$ 10 mil investidos inicialmente. Na prática, você terá de volta apenas o que seria equivalente a R$ 8 mil, pois a moeda teve uma desvalorização de 20%.
Também por esse motivo, um dos pontos a se avaliar ao considerar o investimento em um COE nesse modelo é se a trava de alta é superior à expectativa da inflação para o período. Se, por exemplo, um COE com prazo de 5 anos tem trava de alta de 30% e a projeção da inflação para esse período for de 35%, mesmo que a estratégia seja bem-sucedida você terá prejuízo. Nesse caso, preste atenção se o valor inicialmente investido no COE tem algum tipo de correção pelo IPCA ou pelo CDI, por exemplo.
Regras do COE
Há ainda outro ponto em que é preciso estar atento. Há COEs que, além de estabelecerem um limite de alta, também definem que, caso a alta seja superior a um determinado percentual, será pago apenas um cupom de juros fixo, menor até que a própria trava. No exemplo acima, caso esse cupom fosse de 5% e a alta superior a 30%, você receberia apenas o valor investido com o acréscimo de 5%. Por isso é importante ler atentamente as condições propostas.
Alguns COEs determinam verificações em datas específicas (normalmente a cada 6 meses). Nesses casos, dependendo do comportamento dos ativos subjacentes, podem encerrar precocemente se a meta for atingida. Mas não é possível saber com antecedência se isso acontecerá ou não.
Outros riscos
Outro fator importante na avaliação de um COE é o custo de oportunidade. Ou seja, de deixar o dinheiro parado sem render nada durante o período de duração do COE enquanto ele poderia estar rendendo em outros tipos de investimento. Há ainda o risco de crédito da instituição emissora. Sem contar a questão da liquidez, já que não é possível resgatar o valor investido no COE antes do prazo estipulado.
Tributação
A tributação dos COEs segue a tabela da renda fixa, ou seja entre 22,5% e 15% sobre o rendimento, dependendo do tempo de duração da aplicação. Portanto, isso também deve ser levado em consideração na hora de avaliar o
investimento em um COE.
Você já investiu em algum COE? Acredita que tenha sido um bom negócio? Conta aqui nos comentários.