Como montar uma reserva de emergência
Se você já entende como funcionam os títulos de renda fixa, mas ainda não sabe em qual começar a investir, chegou a hora de botar a mão na massa. O primeiro passo básico de todo investidor é separar uma reserva de emergência.
A reserva de emergência é um dinheiro que precisa estar em uma aplicação com boa liquidez e baixo risco, para o caso de você ficar desempregado, ter um problema urgente de saúde ou algum outro imprevisto. Também é onde se pode deixar o dinheiro que ainda não tem destino certo para quando surgir uma boa oportunidade de investimento. Geralmente se fala em um montante equivalente a cerca de seis meses de despesas.
É claro que esse valor pode variar significativamente de acordo com a realidade de cada um. Uma pessoa que tenha um emprego estável e não tenha dependentes pode manter uma reserva menor que um autônomo com dois filhos para sustentar, por exemplo. Essa é uma decisão pessoal e cada um deve avaliar o quanto acha necessário manter nessa reserva, de acordo com a própria realidade.
Onde colocar a reserva de emergência?
Há três possibilidades principais para a montagem da reserva de emergência: título Tesouro Selic, CDB com liquidez diária e fundo DI sem taxa de administração. Cada uma possui vantagens e desvantagens que devem ser consideradas na hora de fazer a aplicação. A seguir, vamos falar sobre cada uma delas:
Tesouro Selic
A primeira opção para montar a reserva de emergência é comprar o Tesouro Selic no Tesouro Direto, que é o título público mais adequado para essa finalidade. Via de regra, ele sempre terá retorno positivo, o governo garante a recompra do título diariamente e o dinheiro entra na conta no dia mesmo dia ou no dia útil seguinte à venda (D+0 ou D+1), dependendo do horário da solicitação.
Lembrando que há alguns casos muito específicos em que esse título pode ter um retorno negativo. O principal é quando o resgate é feito muito próximo da aplicação (menos de 3 dias), devido à diferença entre o preço de compra e o preço de venda (spread). O outro, bem mais raro de acontecer, é em momentos de grande crise, como aconteceu em 2020 com a pandemia de covid-19.
No entanto, são situações temporárias e em poucos dias tendem a se normalizar. De qualquer maneira, quando ocorre uma crise, todos os outros tipos de investimentos também são afetados, então não tem muito para onde fugir.
Para investir em Tesouro Selic, é necessário fazer o cadastro no Tesouro Direto por meio de algum banco ou corretora habilitados. Em seguida, fazer a transferência do dinheiro para essa instituição (caso ainda não tenha saldo suficiente) e solicitar a compra do título (ou fração do título).
CDB com liquidez diária
Outra alternativa para formar a reserva de emergência é um CDB de uma instituição financeira sólida com liquidez diária e rendimento próximo a 100% do CDI (de preferência um pouco superior). Normalmente o dinheiro entra na conta no mesmo dia do resgate e pode ser mais prático que investir em títulos públicos, caso a instituição financeira onde você tenha conta já ofereça esse produto.
Aqui é importante lembrar da questão da segurança. Embora seja coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), essa opção é um pouco mais arriscada que comprar diretamente o Tesouro Selic. Daí a necessidade de escolher uma instituição financeira sólida para realizar esse investimento.
Em caso de falência do emissor, você terá até R$ 250 mil garantidos pelo FGC, mas o dinheiro ficará bloqueado por alguns meses até que você receba. Nesse caso, perderia o propósito de ser um dinheiro disponível de fácil resgate para emergências. Além disso, durante esse período, não haverá rendimento. Portanto, embora possa ser uma opção mais prática, normalmente não é a melhor escolha para manter a reserva de emergência.
Fundo DI sem taxa de administração
Há ainda uma terceira alternativa para a reserva de emergência: aplicar em um fundo DI que aplique somente em títulos públicos e não cobre taxa de administração. Também é uma forma bem prática e segura de manter o dinheiro que você pode precisar a qualquer momento. Normalmente os valores dos resgates são disponibilizados no mesmo dia na conta.
Essa opção é ainda mais interessante para valores superiores a R$ 10 mil reais, que ultrapassam o limite de isenção da taxa de custódia do Tesouro Direto. Como as gestoras de fundos de investimento compram esses títulos no mercado secundário, não há cobrança dessa taxa, então a tendência é que o rendimento seja até um pouco superior ao da aplicação diretamente no título público.
Infelizmente ainda não há nenhum grande banco que ofereça esse tipo de fundo, mas já há várias corretoras onde eles podem ser encontrados. Em alguns casos, por questões de praticidade, pode ser válido manter uma parte desse dinheiro em fundos DI de bancos que cobrem até 0,3% de taxa de administração.
Você já formou sua reserva de emergência? Qual veículo escolheu para isso? Conhece algum outro que não esteja no texto? Conta aqui nos comentários!
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