Já fiz minha reserva de emergência. Como escolher o próximo investimento?
Se você já conhece o básico sobre os investimentos em renda fixa mais comuns no mercado brasileiro, chegou a hora de escolher o mais adequado para você. No texto a seguir, você verá algumas dicas, mas é claro que cada um deve fazer suas escolhas de acordo com as próprias convicções ou conveniências.
O primeiro passo é sempre separar uma reserva de emergência. No entanto, ela não vai aumentar significativamente o seu capital, é apenas um dinheiro que deverá estar relativamente preservado da inflação e disponível quando você precisar. Por ter baixo risco e alta liquidez, não vai trazer grandes retornos.
Então, se você já formou sua reserva de emergência, chegou a hora de avaliar outras possibilidades de investimento. Para escolher um investimento em renda fixa, devemos comparar rentabilidades, prazos, incidência de imposto de renda, solidez das instituições emissoras, cobertura pelo FGC, entre outras coisas.
Relação Risco X Retorno
Algo importante de se ter em mente na hora de fazer qualquer investimento é a relação risco X retorno. Quanto maior for o risco, maior deverá ser o potencial de retorno. Como sabemos, os títulos públicos são os investimentos nacionais mais seguros. Em seguida vêm os títulos privados de instituições mais sólidas, sejam bancos ou empresas. No entanto, os títulos bancários contam com uma garantia a mais, que é a cobertura pelo FGC, o que os torna mais seguros que os títulos de boas empresas.
Então, de forma geral, caso as características de rentabilidade e liquidez entre dois títulos sejam exatamente iguais, você deverá escolher o título mais seguro entre eles. Basicamente a ordem de escolha deverá ser:
1 – Títulos públicos
2 – LCIs e LCAs
3 – CDBs
4 – CRIs, CRAs e debêntures incentivadas
5 – Debêntures não incentivadas.
Como medir o risco e o retorno
É importante lembrar que LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas são isentos de imposto de renda. Portanto, mesmo com uma rentabilidade bruta inferior às dos demais títulos, a rentabilidade líquida pode ser maior, já que não haverá o desconto do IR. Isso deverá ser levado em conta na hora de calcular o retorno dos investimentos. Por exemplo, uma LCI que pague 99% do CDI pode ser equivalente a um CDB que pague 116,5% do referencial, dependendo do tempo de aplicação.
Para ter uma ideia da solidez da emissora de um título privado, uma ferramenta útil é a classificação de risco. Existem várias agências que analisam essas empresas e a atribuem uma nota, geralmente representada pelas letras de A a D. As notas com A e suas variações (Aaa, A+ etc.) são as melhores, enquanto empresas com notas C e D (e suas variações) são as mais arriscadas. Muitas plataformas apresentam essa informação junto aos produtos de renda fixa que oferecem.
A rentabilidade dos títulos privados deverá ser maior que a dos títulos públicos, e a dos que não são cobertos pelo FGC maior do que os que têm essa cobertura. Da mesma forma, os títulos com vencimentos mais longos e menor liquidez deverão pagar melhor que os que têm prazos mais curtos e são mais líquidos. Da mesma forma, títulos de empresas com uma classificação mais baixa deverão pagar mais do que os de empresas com notas mais altas.
Como escolher entre títulos com condições diferentes?
No caso de os títulos apresentarem diferenças de liquidez e retorno, cada investidor deverá avaliar qual o que mais se adequa aos seus objetivos e quais riscos está disposto a correr para alcançá-los. Basicamente as perguntas que deverá fazer são:
– Quando vou precisar desse dinheiro?
Se você tem um objetivo específico para esse dinheiro, por exemplo, comprar um carro daqui a seis meses, não adianta investir em um CDB com vencimento em dois anos, mesmo que a rentabilidade seja maior. Por outro lado, se a intenção é reservar esse dinheiro para garantir uma aposentadoria melhor, você pode investir em um título com vencimento superior a dez anos.
– Em caso de necessidade, será possível resgatá-lo, mesmo que haja alguma penalidade?
Mesmo que você já tenha uma reserva de emergência guardada, é sempre importante avaliar as condições de resgate dos produtos investidos. Isso se aplica especialmente aos títulos com prazos mais longos. Como a gente nunca sabe o dia de amanhã, é sempre bom entender quando é possível resgatar cada investimento e se você perderá dinheiro com isso.
– Qual deve ser a inflação durante o período da aplicação?
Uma das coisas mais importantes a se avaliar em um investimento é se ele irá te proteger da inflação. Afinal, não adianta ter um retorno de 10% sobre o valor aplicado se a inflação acumulada no período for de 12%. Na prática você perderá dinheiro. Isso se aplica especialmente aos títulos prefixados, que deverão apresentar uma rentabilidade superior à expectativa de inflação do período em que o dinheiro ficará investido.
– A rentabilidade desse título compensa o risco que estou aceitando?
Como dito anteriormente, quanto mais arriscado um investimento, maior deve ser o potencial de rentabilidade dele. No entanto, se a diferença de rendimento entre um título mais seguro e outro menos seguro for muito pequena, provavelmente vai valer a pena abrir mão dessa rentabilidade pela segurança. Não é razoável correr o risco de perder todo o dinheiro por um rendimento extra de 0,5% ao ano, por exemplo.
Ciclo econômico
Outro ponto a se levar em consideração é o ciclo econômico. Se a tendência for de alta na taxa básica de juros (Selic), os títulos pós-fixados provavelmente serão mais atraentes. Caso contrário, os prefixados poderão trazer maiores retornos. Em períodos de incerteza e turbulência, os indexados à inflação podem garantir um pouco mais de tranquilidade para o investidor.
Agora, mãos à obra!
Basicamente, consideramos que esses sejam os pontos mais importantes a serem levados em consideração na hora de escolher um investimento em renda fixa. Com as informações apresentadas até aqui, acreditamos que você já está preparado para investir conscientemente e assumir as responsabilidades pelos acertos e erros que poderá cometer. E não se preocupe, errar faz parte do jogo.
Comece com pouco e, conforme você for se familiarizando com as opções e se sentindo mais confortável, aumente o total investido. Muitas corretoras oferecem a opção de aplicar filtros ou ordenar os títulos disponíveis por rentabilidade, liquidez, aplicação mínima, classificação de risco etc. Isso facilita bastante na hora de escolher onde aplicar o seu dinheiro.
Então, se você ainda não abriu conta em uma corretora ou começou a vasculhar as opções que o banco onde você tem conta corrente te dá, talvez seja o momento de começar a fazê-lo.