Ações: o que são e o que não são
Se você já deu seus primeiros passos no mundo dos investimentos, começou a montar sua reserva de emergência e a fazer aplicações em renda fixa e em fundos de investimento, talvez seja a hora de começar a olhar para as oportunidades de investimentos em ações.
À primeira vista, pode parecer bastante complicado e arriscado. Mas sabendo avaliar adequadamente os riscos e o percentual investido, pode ser uma excelente forma de aumentar o patrimônio. Tudo é questão de saber equilibrar ativos mais e menos voláteis, com maior ou menor grau de risco.
É claro que é importante estar preparado para aguentar as oscilações naturais dos preços que ocorrem diariamente. Mas, superado esse primeiro obstáculo, as ações podem ser grandes aliadas na construção de riqueza a longo prazo. Conheça um pouco melhor o que são e entenda se faz sentido para você realizar esse tipo de investimento.
O que são ações
Basicamente, as ações representam o capital de uma companhia. Por exemplo, se uma empresa é avaliada em R$ 10 milhões e emite 1 milhão de ações, cada ação valerá R$ 10 e representará 1/1.000.000 do capital da companhia. Os detentores destas ações passarão a ter uma participação na companhia proporcional à quantidade de ações que possuírem. Essas ações poderão ou não ser disponibilizadas para negociação na bolsa de valores.
Embora em geral a compra e venda de ações aconteça pela expectativa de valorização ou desvalorização do “papel”, a lógica por trás da negociação tem mais a ver com a geração de receita pela companhia. Afinal, quando você se torna sócio de uma empresa você passa a ter o direito de participar também no lucro dela.
No Brasil, em tese, as empresas são obrigadas a distribuir pelo menos 25% do lucro aos acionistas por meio de dividendos, proporcionalmente à participação na empresa. Por exemplo, se você tiver 10% das ações de uma companhia que gerou R$ 400 mil de lucro no último ano, você terá direito a receber pelo menos R$ 10 mil em dividendos.
No entanto, esse percentual pode ser redefinido no estatuto da empresa e algumas podem preferir reinvestir esse valor em vez de distribuir aos acionistas. Isso não necessariamente é algo ruim. Investir no crescimento da empresa pode aumentar o valor dela e trazer um retorno ainda maior do que o que seria obtido por meio de dividendos.
O que ações não são
Ações não são “pedaços das empresas”, conforme indica o senso comum. Embora não seja um conceito totalmente errado, é, no mínimo, impreciso. Ter a ação de uma companhia não te dá direito sobre os ativos dela. Se você tiver ações do McDonalds, por exemplo, não poderá chegar em uma lanchonete e pegar um sanduíche sem pagar.
Também não terá o direito de gerir a companhia, mesmo que você seja majoritário (possua mais de 50% das ações com direito a voto em circulação da empresa). Os gestores da companhia devem ser indicados e aprovados pelo conselho e o máximo que você terá como acionista é direito a participar da reunião na qual acontecerá essa escolha.
Também não podemos afirmar que ações sejam a representação perfeita do valor de uma empresa, pois o preço da ação pode estar descolado da realidade dela. Uma companhia muito boa, por exemplo, pode ter ações subvalorizadas e vice-versa. Identificar essas distorções é um dos principais trabalhos de quem investe em ações buscando ganho de capital (valorização no preço da ação).
Isso acontece, entre outras coisas, porque o mercado financeiro sempre tenta antecipar os movimentos da economia real. Dessa forma, a expectativa do mercado em relação às empresas varia e isso se reflete no preço da ação. Muitas vezes essa expectativa é afetada por notícias positivas ou negativas e/ou especulações, que podem produzir impactos nos fundamentos da empresa ou não.
O princípio da separação das entidades
Devido ao princípio da separação das entidades o patrimônio da empresa não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários. Ou seja, a responsabilidade do acionista também é limitada. Isso significa que, quando a empresa é constituída uma S.A. (sociedade anônima ou por ações), a responsabilidade dos acionistas é limitada ao valor que colocou na empresa.
Ou seja, o seu limite de responsabilidade é o que você pagou pela ação. O máximo que você pode perder ao comprar uma ação é o valor total que pagou por ela. Por outro lado, o preço da ação pode se multiplicar várias vezes (dobrar, triplicar, sextuplicar etc.), o que as torna um investimento que oferece um risco de perda controlado com alto potencial de retorno.